Os verbos "ganhar, gastar e pagar" fazem parte de um grupo de verbos denominados de abundantes, os que, segundo o dicionário Michaelis, "apresentam duas ou mais formas de igual valor e função, como ocorre geralmente no particípio". É o que acontece com eles: possuem dois particípios: ganhado e ganho; gastado e gasto; pagado e pago.
As formas "ganhado, gastado e pagado" são usadas junto de "ter e haver", formando locução verbal na voz ativa, ou seja, com o sujeito praticando a ação verbal:
- Ele tem ganhado muito dinheiro.
- Ele tem gastado muito dinheiro.
- Ele não havia pagado as contas.
As formas "ganho, gasto e pago" são usadas junto de "ser e estar" - mesmo havendo "ter" ou "haver" -, formando locução verbal na voz passiva analítica, ou seja, com o sujeito sofrendo a ação verbal:
- O jogo foi ganho pelo Santos.
- O dinheiro foi gasto com parcimônia.
- O dinheiro tinha sido gasto com parcimônia.
- A dívida foi paga.
Existe um problema quanto a essas formas: em meados de 1990, as formas verbais "ganhado, gastado e pagado" tinham caído em desuso. Os livros de Gramática, então, recomendavam que se usasse somente "ganho, gasto e pago", seja na voz passiva, seja na voz ativa.
Com o advento da Reforma Ortográfica, o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras voltou a registrar como o adequado para a voz ativa "ganhado, gastado e pagado" e para a voz passiva "ganho, gasto e pago".
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