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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Rapidinha 26 - Objeto indireto x objeto direto preposicionado

A semelhança entre o objeto indireto e o objeto direto preposicionado reside no fato de ambos serem precedidos de preposição. A diferença, no seguinte fato:

- O objeto indireto é precedido de preposição exigida por verbo transitivo indireto;

- O objeto direto preposicionado é precedido de preposição exigida por ele mesmo, ou seja, a preposição não provirá do verbo, que continua sendo transitivo direto.

Vejamos alguns exemplos:

  • O rapaz aludiu às histórias passadas quando nossa bela Eugênia ainda era praticamente uma criança.

O termo histórias passadas tem a função sintática de objeto indireto, porque é precedido da preposição a, que é exigida pelo verbo aludir, verbo transitivo indireto. Aludir significa fazer referência – Quem alude, alude a algo.

  • Das tardes parisienses ele nunca se esquecerá.

O termo as tardes parisienses tem a função sintática de objeto indireto, porque é precedido da preposição de, que é exigida pelo verbo esquecer-se, que é transitivo indireto. Quem se esquece, esquece-se de algo.

  • Pai, afasta de mim esse cálice.

O termo mim tem a função sintática de objeto indireto, porque é precedido da preposição de, que é exigida pelo verbo afastar, verbo transitivo direto e indireto. Quem afasta, afasta algo de alguém.

  • Saquei da arma e fui ao ataque.

O termo a arma tem a função sintática de objeto direto preposicionado, porque é precedido da preposição de, que não é exigida pelo verbo sacar, verbo transitivo direto. Quem saca, saca algo. A preposição é exigida pelo próprio objeto direto.

Com os verbos puxar, sacar e cumprir é facultativa a preposição de, ou seja, tanto se pode usar o objeto direto quanto o objeto direto preposicionado. Poderia, então, ser escrita a seguinte frase: Saquei a arma...

  • Como beber dessa bebida amarga.

O termo essa bebida amarga tem a função sintática de objeto direto preposicionado, porque é precedido da preposição de, que não é exigida pelo verbo beber, verbo transitivo direto. Quem bebe, bebe algo. A preposição é exigida pelo próprio objeto direto.

Com os verbos beber e comer, se usar o objeto direto, haverá o significado de totalidade; se usar o objeto direto preposicionado, de partes. Se disser, então, Bebi a garrafa de vinho, o significado é que bebi a garrafa toda. Já, se disser Bebi da garrafa de vinho, Oe significado é que bebi apenas partes dela.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Pronomes o, a, os, as e pronomes lhe, lhes.

Em todo o estudo de regência verbal, o aluno deve estar muito atento à seguinte teoria:

Verbo Transitivo Direto é aquele que indica ação praticada pelo sujeito e sofrida pelo objeto direto. A ligação entre o verbo e o objeto é realizada diretamente, ou seja, sem preposição. O próprio verbo praticar é transitivo direto, pois Quem pratica, pratica algo. Por exemplo:

Pratico tênis todas as semanas.

Os objetos diretos podem ser representados pelos pronomes o, a, os, as quando estiverem na terceira pessoa do singular ou do plural. Por exemplo:

* Quanto ao carro que comprou, se não o pagar até amanhã, será processado. (Pagar algo)
* Ela me entregou o convite pessoalmente. Agradeci-o comovido. (agradecer algo)
* Queridos alunos, informo-os de que a prova será difícil. (Informar alguém de algo)
* Levei sua bolsa para casa e a esqueci lá. (Esquecer algo)
* Você conhece a Isaurinha? Eu também a conheço. (Conhecer alguém)

Verbo transitivo indireto é aquele que indica ação praticada pelo sujeito e recebida pelo objeto indireto ou fato ativo também praticado pelo sujeito e recebido pelo objeto indireto. A ligação entre o verbo e o objeto é realizada mediante uma preposição. Por exemplo, o verbo obedecer, pois Quem obedece, obedece A algo (ou A alguém):

Não obedecerei a esses regulamentos por serem absurdos.

Os objetos indiretos encabeçados pela preposição a podem ser representados pelos pronomes lhe, lhes quando estiverem na terceira pessoa do singular ou do plural. Por exemplo:

* Fala-se muito das leis, mas ninguém lhes obedece. (Obedecer A algo)
* Ela me entregou o convite pessoalmente. Agradeci-lhe comovido. (Agradecer A alguém)
* Queridos alunos, informo-lhes que a prova será difícil. (Informar algo A alguém)
* Custou-lhe acreditar em mim. (Custar A alguém algo)
* Conversei com a Isaurinha e solicitei-lhe que me desse algumas informações. (Solicitar algo A alguém)

Há, porém, exceções. Alguns verbos transitivos indiretos que exigem a preposição a não admitem o uso de lhe, lhes como seus complementos, mas sim a ele, a ela, a eles, a elas). Eis alguns deles:
* Anuir (= dar consentimento, aprovação; estar de acordo)
* Visar (= almejar)
* Aspirar (= almejar)
* Assistir (= ver)
* Referir-se
* Aludir (= referir-se)

Eis alguns exemplos:

* Quanto ao casamento de nossa filha, não posso anuir a ele jamais! (e não anuir-lhe)
* Cada vaga em Medicina é almejada por centenas de milhares de jovens anualmente; visem a ela com determinação, portanto. (e não visem-lhe)
* Cada vaga em Medicina é almejada por centenas de milhares de jovens anualmente; aspirem a ela com determinação, portanto. (e não aspirem-lhe)
* Se esse filme é tão maravilhoso assim, assistamos a ele , então! (e não assistamos-lhe)
* Você diz que não citei sua aprovação, mas me referi a ela ontem mesmo. (e não me referi-lhe)
* Você diz que não citei sua aprovação, mas aludi a ela ontem mesmo. (e não aludi-lhe)



Dúvidas? Mande-me um e-mail.

domingo, 15 de abril de 2007

Beija eu, beija eu, beija eu, me beija.

Arnaldo Antunes escreveu a poesia e a transformou em música. Marisa Monte a interpretou. Harmonicamente perfeita! Ambos foram magistrais. Antunes usou, porém, o que chamamos de licença poética para escrever seus versos. É sabido que licença poética é a liberdade que toma o poeta de transgredir as normas da poética ou da gramática, a fim de trabalhar com a rima, com a métrica, com a harmonia, despreocupadamente. Ele sabe Gramática. Já mostrou isso em outras composições. Não houve erro, portanto. Houve o uso deliberado de inadequações à Gramática padrão. Não corrigirei Arnaldo Antunes; apresentarei o que consideramos certo, de acordo com o Português culto. Alguns exames vestibulares podem apresentar tal composição e pedir que os jovens apresentem a forma adequada. Vamos a ela, então:

Os pronomes pessoais eu, tu, ele(a) nós, vós e eles(as) são denominados de pronomes retos e exercem somente uma função sintática em orações: sujeito, termo que pratica a ação de um verbo ativo (p. ex. vender), que sofre a ação de um verbo passivo (p. ex. receber) e que possui uma qualidade quando o verbo é predicativo (p. ex. ser). Uma maneira prática de descobrir quem é o sujeito é perguntar ao verbo Quem é que.......? A resposta é o sujeito do verbo.

Os pronomes pessoais me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as e lhes são denominados de pronomes oblíquos átonos e exercem várias funções sintáticas em orações. Hoje nos ateremos à função de complemento de verbo, que são os seguintes:

Objeto direto: complemento de verbo transitivo direto, verbo de sentido incompleto, que, por isso, necessita de um complemento, ao qual se liga sem intermédio de preposição. Por exemplo, o verbo vender: Quem vende, vende algo. É transitivo direto, pois necessita de complemento (algo ou alguém), denominado de objeto direto.
Os pronomes oblíquos átonos que exercem a função se objeto direto são os seguintes: me, te, se, o, a, nos, vos, os, as. Por exemplo:

Conhecer: Quem conhece, conhece algo ou alguém. É verbo transitivo direto, portanto, podemos usar os pronomes apresentados como complemento:

Ela não me conhece. Eu também não a conheço.
Ela te conhece. Nós nos conhecemos.

Objeto indireto: complemento de verbo transitivo indireto, verbo de sentido incompleto, que, por isso, necessita de um complemento, ao qual se liga por meio de preposição (por, para, a, de, em, com...). Por exemplo, o verbo obedecer: Quem obedece, obedece A algo ou A alguém. É transitivo indireto, pois necessita de complemento (algo ou alguém), denominado de objeto indireto, ao qual se liga por meio da preposição A.
Os pronomes oblíquos átonos que exercem a função se objeto indireto são os seguintes: me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Por exemplo:

Ela não me obedeceu. Eu também não lhe obedeci.
Ela não te obedece. Nós nos obedecemos.

Os pronomes pessoais mim, ti, si, ele(a), nós, vós eles(as) são denominados de oblíquos tônicos e exercem as mesmas funções sintáticas dos oblíquos átonos. Podem, então, exercer as funções de objeto direto ou objeto indireto. A diferença entre os oblíquos átonos e os tônicos é que estes só são usados COM preposição. Obrigatoriamente, esses pronomes são usados sempre com preposição: a mim, de mim, por mim, para mim, sem mim, em mim, etc. Quando, então, eles exercerem a função de objeto direto, complemento de verbo que não é usado com preposição, obrigatoriamente têm de ser antecedidos da preposição A. A preposição não pertence ao verbo, e sim ao próprio pronome. Por exemplo:

Ela não conhece a mim. Eu também não conheço a ela.
Ela conhece a ti. Elas conhecem a nós.

Voltemos, agora, à poesia de Arnaldo Antunes:

Beija eu, beija eu, beija eu, me beija.

Observe que Antunes brinca com os pronomes eu e me harmonicamente. Você sabe, porém, que somente um está adequado ao padrão culto. Qual deles? Vejamos (Hoje não nos ateremos à colocação pronominal me beija):

Qual o sujeito do verbo beijar? Quem é que beija? Sou eu? Não. Tu que beijas. Beija é o imperativo referente à segunda pessoa, tu; esse é o sujeito de beijar, então. Se o sujeito fosse a terceira pessoa, você, o verbo seria conjugado assim: beije.

Quem beija, beija alguém. Tu beijas quem? Qual o objeto direto do verbo beijar? Eu? Sim, porém o pronome eu não exerce a função de objeto direto, e sim o pronome me, ou mim, com a preposição A: Beija-me ou Beija a mim, caso o sujeito seja a segunda pessoa, tu. Beije-me ou Beije a mim, caso o sujeito seja a terceira pessoa, você.

Pronto. Essa é a explicação. Um pouco extensa, mas completa. Se Arnaldo Antunes quisesse escrever dentro do padrão culto do nosso idioma, escreveria assim:

Beija-me ou Beija a mim, se quisesse se dirigir ao sujeito tu.
Beije-me ou Beije a mim, se quisesse se dirigir ao sujeito você.