Trovadorismo: cantigas.

Cantiga é o nome dado aos textos em versos feitos, no Séc. XII, em Portugal, para serem cantados.

As cantigas são divididas, quanto ao tema, em dois grupos: as líricas e as satíricas. As primeiras podem ser de amor ou de amigo, ambas demonstrando sentimentos nobres de amor, saudade, falta, admiração; as últimas geralmente classificadas como de escárnio e maldizer, demonstram certa agressividade, seja de forma mais sutil, seja de forma explícita por meio de palavras menos polidas.

Nas cantigas de amor, o eu lírico, ou eu poético, é masculino e dirige-se a uma mulher, demonstrando sofrimento por amor, a chamada coita amorosa diante de um amor idealizado ou irrealizável, por a dama ser de classe social mais elevada e, às vezes, casada. Por estar nessa condição, a voz poética oculta o nome da amada ou a identifica por um pseudônimo. Há uma relação de subordinação entre o amante e o objeto amado, denominada de vassalagem amorosa. Trata-se, portanto, de um amor cortês, contemplativo. O ambiente descrito nas cantigas de amor é a corte.

Nas cantigas de amigo, o eu lírico é feminino, ou seja, é uma voz feminina que lamenta a ausência de seu amigo (enamorado, amado). Este é o tema típico das cantigas de amigo: a ausência da pessoa amada, a qual partiu para uma guerra, para um trabalho longínquo. Não há referência a diferenças de classe social, o que torna o amor mais possível de realização, tendendo a ser mais carnal ou sensual que na cantiga de amor. O ambiente descrito nas cantigas de amigo não é mais a corte, e sim a zona rural.

As cantigas de escárnio são cantigas marcadas pela ironia, geralmente construídas com palavras de sentido dúbio, exigindo do leitor que acesse os subentendidos para perceber o sentido dos trocadilhos e dos jogos de palavras. São sátiras indiretas, que exploravam palavras e construções ambíguas, expressões irônicas, sem, contudo, revelar o nome da pessoa satirizada.

Nas cantigas de maldizer, o autor não se recusa a usar um vocabulário mais agressivo, constituindo um humor que apela ao obsceno e ao pornográfico. Seus temas prediletos eram o adultério e amores interesseiros ou ilícitos, como no caso dos padres. Eram cantigas marcadas pela maledicência.