Com a Reforma Ortográfica, nada se modificou tanto quanto as regras de hífen, que se tornaram a 'pedra no meio do caminho' daqueles que já terminaram o Ensino Médio e trabalham com a língua escrita no dia a dia (locução que perdeu os hífenes; não se escreve mais "dia-a-dia").
Foi perda total! Tudo que aprendemos nas carteiras escolares tem de ser esquecido, e um novo estudo deve ser realizado. E, para piorar, a Academia Brasileira de Letras demorou para divulgar oficialmente as quinze mudanças que ocorreram no Acordo Ortográfico, documento assinado pelo então Presidente da República em setembro de 2009; somente em janeiro de 2010 tais mudanças vieram a público - Veja em "Nota Explicativa" na página http://www.academia.org.br/nossa-lingua/vocabulario-ortografico.
O que era difícil se tornou complicado, pois livros e dicionários publicados de setembro de 2009 a fevereiro de 2010 se tornaram obsoletos com apenas algumas semanas de existência. Por exemplo, quem adquiriu o dicionário Aurélio, publicado no finalzinho de 2009, encontrará com hífenes as locuções em geral, mas eles foram retirados - pé de moleque, dia a dia, à toa, mula sem cabeça, etc. As exceções são as espécies botânicas e zoológicas (cana-de-açúcar, cachorro-do-mato...) e estas: água-de-colônia, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, à queima-roupa e cor-de-rosa.
Para os jovens estudantes que ainda não tiveram contato com as regras sobre hífen, porém, ficou mais fácil aprendê-las: antes, era necessário memorizar 39 prefixos e radicais para usar adequadamente o hífen; com a Reforma Ortográfica, grosso modo, basta saber o seguinte:
1- Se houver a junção de duas palavras autônomas - aquelas que podem ser usadas sozinhas -, para formar uma composta, usa-se o hífen: ama-seca, obra-prima, ano-luz, diretor-geral, carro-chefe.
2- Se houver a junção de duas palavras autônomas para formar uma composta, sendo a segunda iniciada por vogal, e entre elas houver a preposição "de", esta se reduzirá com o uso de apóstrofo - d' - e o hífen será usado: caixa-d'água, galinha-d'angola, estrela-d'alva.
3- Se houver a junção de duas palavras, sendo a primeira não autônoma, ou seja, que não se use isoladamente, como auto, mini, mega, penta, etc., obedece-se às seguintes regras:
A- Se a palavra não autônoma for terminada em vogal, haverá hífen se a segunda palavra for iniciada pela mesma vogal - micro-ondas, arqui-inimigo - ou por "h" - mini-horta.
Portanto sem hífen em autoescola, semiextensivo, intrauterino...
Se a palavra não autônoma for "co, re ou pre - sem acento", não se usará o hífen: coordenador, reeducação, preencher
Quando a palavra seguinte se iniciar por "s" ou por "r", essas consoantes se repetem: autorretrato, antissemita, ultrassonografia.
B- Se a palavra não autônoma for terminada em consoante, haverá hífen se a segunda palavra for iniciada pela mesma consoante - circum-murado - por "h" - super-herói - ou por "r" - sub-rede.
Se a palavra não autônoma for "trans, an, des ou in" não se usará o hífen: transexual, anistórico, desumano, inábil.
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