Tenho visto, em estabelecimentos comerciais dos mais diversos, uma inadequação gramatical em virtude das promoções para tentar alavancar as vendas nestes 'tempos bicudos': é o uso do acento grave - a popular "crase" - antes do verbo "partir".
"Crase" é a fusão de dois elementos idênticos. Quando essa fusão se dá entre a preposição "a" e um artigo ou pronome demonstrativo - a, as, aquele, aquela, aquilo - deve-se usar o acento grave (à):
- Não obedecer às leis de trânsito acarreta multa.
Nessa frase há a preposição "a" e o artigo "as", pois "quem obedece, obedece a algo" e "leis" é um substantivo feminino plural - as leis.
- Assisti àquele filme várias vezes.
Nessa frase há a preposição "a", pois "quem assiste, assiste a algo", e o pronome demonstrativo "aquele".
Os artigos "a" e "as" determinam um substantivo feminino. Claro está, portanto, que, se a palavra não for feminina, não haverá artigo e, consequentemente, não poderá haver o acento grave:
- O sol estava a pino.
O substantivo "pino" é masculino, portanto não há artigo feminino determinando-o.
- Darei um presente a ela.
"Ela" é pronome pessoal, não substantivo, portanto não há artigo feminino determinando-o.
- A partir de hoje, vou-me encontrar com ela toda semana.
"Partir" é verbo, não substantivo, portanto não há artigo feminino determinando-o.
- Liquidação! Preços a partir de R$10,00.
"Partir " é verbo, não substantivo, portanto não há artigo feminino determinando-o.
Os estabelecimentos comerciais que escrevem "a partir" com acento grave cometem uma inadequação gramatical. Que tal alertá-los quanto a isso? Se assim o fizer, estará prestando um bom serviço à Educação!
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