Tenho ministrado muitas palestras pelo Brasil e dito muitas frases parecidas com a apresentada aos professores e pais dos alunos das mais de quatrocentas escolas conveniadas ao Sistema Maxi de Ensino. Parecidas, pois a que escrevi acima eu não falaria jamais, já que sou professor de Português e, por isso, não cometeria um erro de regência verbal dessa natureza. Qual é o erro, então? Vamos à teoria:
O verbo visar tem vários significados e regências:
Será verbo transitivo direto, ou seja, será usado sem preposição alguma, quando tiver os seguintes significados:
a) Validar ou autenticar (um papel ou documento) com um sinal de visto, seguido da assinatura ou rubrica; apor sinal de visto em. Por exemplo:
O coordenador visou os documentos que seriam enviados à diretoria.
A professora visava as redações sem ao menos as ler.
b) Dirigir a vista para (um ponto determinado); mirar. Por exemplo:
Ivan visava a mais bela aluna da sala.
No tiro ao alvo, viso o ponto central do círculo.
c) Dirigir-se (projétil, tiro) para. Por exemplo:
Embora visasse o bandido, o tiro atingiu o refém.
Será verbo transitivo indireto, com a preposição a, quando tiver o significado de ter por fim ou objetivo.
A preposição será facultativa quando, à frente de visar, surgir outro verbo no infinitivo. Por exemplo:
Essas providências visam solucionar o problema. (ou visam a solucionar o problema)
Os pais visam ao bem dos filhos.
A frase apresentada, então, está inadequada ao padrão culto da língua, pois o significado de visar é ter como fim ou objetivo. Como crescimento não é verbo no infinitivo, a preposição a será obrigatória:
Nós, os educadores, visamos ao crescimento de nossos educandos.
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