Vinícius de Moraes escreveu os seguintes versos:
"Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure".
Determinando o significado dos versos de Vinícius, chegamos à conclusão de que ele pretendia estabelecer uma indicação de causa: o amor não é imortal porque é chama (fogo), ou seja, já que o amor é chama, morre.
O que ocorre, porém, é que a locução posto que não é causal, e sim concessiva, ou seja, inicia uma oração subordinada que exprime oposição ao que é dito na oração principal, não sendo capaz, porém, de anular ou impedir o fato mencionado. As conjunções e as locuções conjuntivas concessivas são as seguintes: embora, conquanto, inobstante, não obstante, apesar de que, se bem que, mesmo que, ainda que, em que pese, por mais que, posto que.
Vinícius se utilizou do que chamamos de licença poética, que é a liberdade que toma o poeta, algumas vezes, de transgredir as normas da poética ou da gramática. Caso ele não se utilizasse dessa prerrogativa e quisesse escrever dentro das normas cultas da Língua Portuguesa, teria de usar uma conjunção (ou uma locução conjuntiva) causal, que são as seguintes: porque, porquanto, já que, visto que, se, como (só no início de frase), uma vez que. Teria, então, de fazer isto, dentre outras possibilidades:
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal visto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
3 comentários:
genial!!! gostei...
Obrigado ajudou bastante 😀
Muito obrigada ,me tirou uma grande dúvida!
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