Essa frase constava
da prova de Conhecimentos Gerais do vestibular 2015 da UEL. A questão não
versava sobre gramática, mas, quem não a domina, certamente sentiu dificuldades
em entender seu significado em virtude do vocabulário: qual o significado de
"congênito" e de "comprazem"? E, como não conhece o
significado do verbo, certamente não sabe como o conjugar. Vamos, então, à
explicação:
O adjetivo
"congênito" tem como significado, dentre outros, "nascido com o
indivíduo". Aristóteles, portanto, afirmou que o ato de imitar nasce com o
homem. O ser humano imita seus semelhantes desde o nascimento. Aprende pelas
ações dos outros.
O verbo
"comprazer" significa "fazer o gosto, a vontade; ser agradável;
ser do agrado de; agradar, satisfazer". "Comprazem" é a
conjugação da terceira pessoa do plural (eles - os homens) do presente do
indicativo (sempre). Na frase, porém, o verbo utilizado foi "comprazer-se",
verbo pronominal - aquele que se acompanha do pronome (me, te, se, nos, vos,
se) em todas os tempos e modos, cujo significado é "deleitar-se,
deliciar-se, regozijar-se". Aristóteles, então, afirmou que os homens se
deliciam no imitado, ou seja, gostam da imitação.
O verbo
"comprazer", ou "comprazer-se", se conjuga na maioria dos
tempos com as mesmas desinências (terminações) de qualquer verbo terminado em
"-er". Observe:
- eu vendo, tu
vendes, ele vende, nós vendemos, vós vendeis, eles vendem, então:
- eu comprazo, tu comprazes,
ele compraz (o "e" desaparece), nós comprazemos, vós comprazeis, eles
comprazem (comprazer)
- eu me comprazo, tu
te comprazes, ele se compraz, nós nos comprazemos, vós vos comprazeis, eles se
comprazem (comprazer-se)
- eu vendia, tu
vendias, ele vendia, nós vendíamos, vós vendíeis, eles vendiam, então:
- eu comprazia, tu
comprazias, ele comprazia, nós comprazíamos, vós comprazíeis, eles compraziam
- eu vendi, tu
vendeste, ele vendeu, nós vendemos, vós vendestes, eles venderam, então:
- eu comprazi, tu
comprazeste, ele comprazeu, nós comprazemos, vós comprazestes, eles
comprazeram.
Esse tempo - o
pretérito perfeito do indicativo - admite outra conjugação:
- eu comprouve, tu
comprouveste, ele comprouve, nós comprouvemos, vós comprouvestes, eles
comprouveram.
Há outros dois tempos
que admitem dupla conjugação:
1) O pretérito
imperfeito do subjuntivo - aquele geralmente encabeçado pela conjunção
"se" e com a desinência "-sse"
- se eu comprazesse
ou comprouvesse, se nós comprazêssemos ou comprouvéssemos, etc.
2) O futuro do
subjuntivo - aquele encabeçado geralmente pela conjunção "quando",
indicando ação futura hipotética:
- Quando ele
comprazer ou comprouver, quando eles comprazerem ou comprouverem, etc.
Veja alguns exemplos:
- Eu sempre me comprazi
estudando Português.
- Eu sempre me
comprouve estudando Português.
- Os namorados se
comprazem quando estão juntos.
- Nós nos
comprazeremos certamente durante as férias.
- Não me compraz
estudar Química.
Há também o verbo
"aprazer", cujo significado é "causar prazer; ser aprazível;
agradar, deleitar" e o correspondente pronominal "aprazer-se",
que significa "sentir prazer, contentar-se, deleitar-se". Sua
conjugação é idêntica à de comprazer, porém, não há a duplicidade naqueles três
tempos. Há somente aquela em que haja "prouve": eu me aprouve, se eu
aprouver, quando nós aprouvermos, etc.
Veja alguns exemplos:
- Eu sempre me
aprouve estudando Português.
- Os namorados se
aprazem quando estão juntos.
- Nós nos aprazeremos
certamente durante as férias.
- Não me apraz
estudar Química.
Finalmente, há ainda
o verbo "prazer", sinônimo de "aprazer" e de
"comprazer". Este só se conjuga nas terceiras pessoas do singular e
do plural: praz, prazem; prouve, prouveram, etc. O sujeito deste verbo é
representado por algo, não por alguém. Por exemplo:
- Não me praz estudar
Química.
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