terça-feira, 1 de julho de 2014

EM PRINCÍPIO, É PRECISO QUE SE AVERIGUE O QUE OCORREU!


            “Em princípio” ou “A princípio”? Essas duas expressões têm sentidos diferentes: esta significa no início, no começo; aquela, em tese, em teoria ou antes de qualquer consideração. Por exemplo, observe as seguintes frases:

- “A princípio, ele me telefonava todas as semanas”, ou seja, no começo ele me telefonava todas as semanas, agora não mais.

- “Em princípio, é preciso que se averigue o que ocorreu”, ou seja, antes de qualquer consideração, é preciso averiguar o que ocorreu.

- “Em princípio, ele é o candidato ideal”, ou seja, em tese, em teoria ele é o candidato ideal.

            Alguém pode perguntar-me o porquê de as expressões terem significados diferentes já que o substantivo é único. A diferença se estabelece em virtude da mudança de preposição. A preposição a indica tempo; em, situação, por isso a diferença.

            Essas duas preposições são muito usadas no dia a dia, inclusive causando confusão. Por exemplo, o adequado é usar a preposição a na indicação de destino, e não a preposição em, utilização muito comum em nosso país, como na seguinte frase:

- Irei a São Paulo nestas férias, e não irei em São Paulo, vou em São Paulo, etc.

            Ocorre, porém, que há outra preposição para a indicação de destino: para. Esta, no entanto, indica mudança definitiva; aquela, ida e volta. Portanto ao dizer “Irei a São Paulo” o sentido é de ida e volta; “Irei para São Paulo”, significa que me mudarei para São Paulo.

            Alguém, novamente, pode perguntar-me: mas, e a frase “Vou para casa” está adequada ou não? Não, não está. Embora a utilizemos no nosso cotidiano, é uma expressão inadequada ao padrão culto da língua. O ‘certo’ é dizer “Vou a casa”, sem crase. Expressão que, certamente, ninguém passará a utilizar por ser estranha ao nosso hábito linguístico. Continue, então, a usar a preposição para, mas quem se submeter a algum concurso, tem de saber a maneira adequada ao português padrão.

            A ausência do sinal indicador de crase é explicada pela falta do artigo a. o substantivo casa não é determinado pelo artigo quando não estiver acompanhado de elemento modificador. Por exemplo, observe as seguintes frases:

- Estou em casa. Sem o artigo por o substantivo casa não estar especificado.
- Estou na casa de Maria. Com o artigo por o substantivo casa estar especificado.

            Só haverá o acento indicador de crase quando houver a preposição a e o substantivo casa estiver especificado. Por exemplo:

- Irei a casa. Sem o artigo, portanto sem crase, por o substantivo casa não estar especificado.
- Irei à casa de Maria. Com o artigo, por o substantivo casa estar especificado, e com a preposição a, pois o verbo ir indica destino, portanto com crase.
  
          Uma pergunta: como se pronuncia o verbo averiguar na frase apresentada?

            Os verbos terminados em –guar e em –quar e o verbo delinquir, com a Reforma Ortográfica, passaram a ter dois modelos de conjugação nas pessoas eu, tu, ele e eles do presente do indicativo e do subjuntivo:

- Com acento e com as vogais finais na mesma sílaba: que eu averígue (a-ve-rí-gue), que tu averígues (a-ve-rí-gues), que ele averígue (a-ve-rí-gue), que eles averíguem (a-ve-rí-guem).


- Sem acento e com as vogais finais em sílabas diferentes: que eu averigue (a-ve-ri-gu-e), que tu averigues (a-ve-ri-gu-es), que ele averigue (a-ve-ri-gu-e), que eles averiguem (a-ve-ri-gu-em).

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