quinta-feira, 26 de abril de 2007

Orações subordinadas adjetivas

Os líderes partidários da Câmara decidiram hoje não trabalhar mais às segundas-feiras em Brasília. Em reunião com o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), os líderes avaliaram que as sessões às segundas-feiras não são produtivas e que é melhor suspender as votações na Casa nestes dias, quando os deputados poderão continuar nos seus Estados.

"Todos os líderes têm sido pressionados pelos parlamentares que nos seus estados têm demandas por audiências às segundas-feiras. Ao invés de uma sessão na segunda-feira à noite, teremos na terça-feira pela manhã", afirmou o líder do PT na Câmara, deputado Luiz Sérgio (RJ).

Não iremos, aqui, discutir a decisão de os deputados trabalharem ou não em Brasília, às segundas-feiras. A nossa discussão será gramatical; mais especificamente sintática.

Pergunto-lhe, caro leitor, em relação ao trecho "Todos os líderes têm sido pressionados pelos parlamentares que nos seus estados têm demandas por audiências às segundas-feiras", quais parlamentares pressionaram os líderes? Todos? Ou somente alguns? A resposta está clara no texto. Descobriu onde ela se encontra? Vamos à teoria, então:

O período apresentado possui duas orações:

“Todos os líderes têm sido pressionados por parlamentares”;
“Os parlamentares têm demandas por audiências às segundas-feiras, nos seus estados”.

Poderíamos unir as orações de diversas maneiras. Há uma, porém, que, além de evitar a repetição de um substantivo (parlamentares, nas orações apresentadas), une as duas orações em um período só, evitando a formação de frases telegráficas – frases muito curtas: por meio de um pronome relativo.

Há vários pronomes relativos: que, quem, qual, onde, quanto e cujo. Hoje, nos ateremos ao pronome “que”, que é considerado o pronome relativo universal, por poder ser usado em diversas situações. Ele pode evitar a repetição de qualquer substantivo, seja pessoa, seja coisa em geral. Ao substituir um substantivo, o pronome relativo deverá ser colocado imediatamente após este. Nas orações apresentadas, o substantivo substituído pelo pronome será “parlamentares”. A construção com o pronome relativo, então, terá a seguinte estrutura: “...parlamentares que...”. Agora é só unir o restante das orações: "Todos os líderes têm sido pressionados por parlamentares que nos seus Estados têm demandas por audiências às segundas-feiras”. Pronto. Está montado o período.

Os pronomes relativos iniciam uma oração subordinada adjetiva. Há dois tipos delas: a oração subordinada adjetiva restritiva e a oração subordinada adjetiva explicativa. Elas têm as seguintes diferenças:

A oração subordinada adjetiva restritiva não é isolada por vírgulas e indica que somente alguns dos elementos representados pelo substantivo têm relação com o verbo da oração.

A oração subordinada adjetiva explicativa é sempre isolada por vírgulas e indica que todos os elementos representados pelo substantivo têm relação com o verbo da oração.

Muito bem. A frase apresentada é iniciada pelo pronome relativo “que”; a oração subordinada adjetiva é restritiva uma vez que não está isolada por vírgulas. O significado da frase é, portanto, o seguinte: Os líderes têm sido pressionados por alguns parlamentares, e não por todos.

Caso quiséssemos indicar que todos os parlamentares têm pressionado os líderes, deveríamos colocar vírgula antes do pronome relativo “que”: "Todos os líderes têm sido pressionados por parlamentares, que nos seus Estados têm demandas por audiências às segundas-feiras”. Somente assim indicaríamos que todos os parlamentares pressionaram os líderes.

Veja outros exemplos:

(Fuvest) “Os homens que têm seu preço são fáceis de corromper.” = Somente os homens que têm seu preço são fáceis de corromper, os outros não.
“Os homens, que têm seu preço, são fáceis de corromper”. Todos os homens têm seu preço. Todos eles são fáceis de corromper.

“Os meninos que estavam no pátio jogaram pedras na vidraça da escola”. Somente os meninos que estavam no pátio jogaram pedras na vidraça; os outros, ou seja, aqueles que não estavam no pátio, não jogaram.
“Os meninos, que estavam no pátio, jogaram pedras na vidraça da escola”. Todos os meninos estavam no pátio. Todos eles jogaram pedras. Não havia meninos em outro lugar, a não ser no pátio.

3 comentários:

Teté disse...

As pessoas, que são perspicazes, acham o Prof. Dilson adorável.

Anônimo disse...

ué, sou obrigada a discordar do comentário.
Na verdade, creio que as pessoas que são perspicazes acham o prof. Dilson adorável.

patrik disse...

restrinjo a explicação e digo apenas, salvastes a minha vida, entendam como quiserem...