Uma das teorias que mais traz dificuldades aos pobres estudantes de Gramática da Língua Portuguesa é a dos substantivos terminados em –ão. O plural pode ser estruturado em –ões, em –ães e em –ãos. O feminino pode ser estruturado em –ã, em –oa e até em –ona. Vejamos alguns exemplos:
Existem alguns substantivos terminados em –ão que se pluralizam em –ãos, como cidadão, cristão, pagão e artesão. O feminino desses apresentados se estrutura em –ã. Cidadão também admite cidadoa, pouquissimamente usado, mas adequado ao padrão culto do nosso idioma.
- Os artesãos, sejam cristãos ou pagãos, são cidadãos como quaisquer outros.
- A artesã, seja cristã ou pagã, é cidadã (ou cidadoa) como qualquer outra.
Além desses, há de se destacarem os terminados em –ão que têm a penúltima sílaba mais forte, como órgão, órfão, bênção, sótão. Todos são acentuados e pluralizados em –ãos: órgãos, órfãos, bênçãos, sótãos. Não existe a palavra bença! O adequado é bênção: a bênção, pai; a bênção, mãe.
Alguns se pluralizam em –ães, como tabelião, escrivão, sacristão, e capelão. O feminino deles também se estrutura em –ã, apesar de capelã não constar oficialmente de nosso vocabulário; tabelião e sacristão admitem também o feminino em -oa:
- Os tabeliães e os escrivães trabalham em cartórios; os sacristães e os capelães, em igrejas.
- A tabeliã (ou tabelioa) e a escrivã trabalham em cartórios; a sacristã (ou sacristoa) e a capelã, em igrejas.
Os que se pluralizam em –ões são a maioria, como os aumentativos e os nomes de frutas. Todos se pluralizam em –ões: casarões, molecões, mamões, melões, etc.
Há também aqueles que admitem os três plurais (terminados em –ões, –ães e –ãos), como aldeão, ancião, ermitão, vilão, sultão e pião. O feminino dos quatro primeiros também se estrutura em –ã. O feminino de sultão, porém, é sultana. Ermitão, além de admitir ermitã, também aceita ermitoa.
- Os aldeões anciões viram os ermitões e os vilões jogando piões com os sultões.
- Os aldeães anciães viram os ermitães e os vilães jogando piães com os sultães.
- Os aldeãos anciãos viram os ermitãos e os vilãos jogando piãos com os sultãos.
- A aldeã anciã viu a ermitã (ou ermitoa) e a vilã jogando pião com a sultana.
Há os que admitem dois plurais: –ões e –ães: cirurgião, charlatão, alcorão, guardião, faisão, peão e alazão. Desses, cirurgião, guardião e faisão fazem o feminino em –ã, mas faisão também admite faisoa; charlatão e peão, em –ona:
- Os cirurgiões charlatões queimaram os alcorões e foram atacados pelos guardiões com faisões e pelos peões com alazões.
- Os cirurgiães charlatães queimaram os alcorães e foram atacados pelos guardiães com faisães e pelos peães com alazães.
- A cirurgiã charlatona queimou o alcorão e foi atacada pela guardiã com faisã (ou faisoa) e pela peona com alazão.
Há, finalmente, os que se pluralizam em –ões e –ãos: anão, corrimão, verão, vulcão. O feminino de anão é anã:
- Os anões, em dois verões seguidos, desceram os corrimões das encostas dos vulcões.
- Os anãos, em dois verãos seguidos, desceram os corrimãos das encostas dos vulcãos.
E os gaviões como ficam? É um substantivo que admite o plural em –ões ( gaviões) e o feminino em –ã e em –oa: gaviã e gavioa.
- Os gaviões da Fiel.
- As gaviãs (ou gavioas) da Fiel.
Um comentário:
Rá! Esse foi um dos melhores!
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