sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Delírios Ponderáveis


Sempre julguei meus delírios ponderáveis
e acariciei minhas vaidades com paixão,
mas, agora, quando vejo o passado que muitos preservaram,
sinto-o farto de lascivos anseios
e percebo que minhas lágrimas se enrijeceram.

Não tenho histórias fantásticas para entreter minhas filhas;
não tenho raízes de onde possa retirar convicções;
não tenho aliciamentos passionais,
nem nunca engendrei impetuosos arrebatamentos.

A vida passa como brisa em sinos japoneses,
mensageiros dos ventos,
suscitando melodia suave e constante,
sem grandes tessituras.

Quereria meus dias como uma tarde de inverno,
aconchegantes esperas do passar o tempo.

Vejo-me querendo afastar-me das pessoas,
quando estou só, e vêm-me elas a procurar-me.
Prefiro sempre a solidão,
o silêncio continuamente a me espreitar.

Insistentemente, porém, estou a me aproximar,
num paradoxo, busco me expressar,
talvez até ferindo minha propensão natural.

Não sei... não sei...
não sei se sinto ou se faço,
só sei que fico.
Mormaço...

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